sábado, 5 de fevereiro de 2011


O "UNIVERSO PESSOAL"
Quão estranho não nos parece o título destas linhas, "Universo Pessoal". Ora, se é universo, como ser pessoal? Como considerar que alguma coisa possa ter amplitude universal sendo de leitura pessoal? Mas é imerso neste paradoxo que entendo estarem as relações humanas. Não me refiro a nenhuma situação específica, mas falo de forma generalista. Tenho observado ao meu redor que as relações humanas, sejam em quais esferas forem, revelam um universo de pessoalidades. Todos são gestores (alguns se acham até criadores) do mundo e das circunstâncias que os cercam. Cada um tem razão sobre todos. Cada plano e projeto pessoal tem prioridade sobre os outros , assim como cada conceito e princípio. Não se considera a natural e salutar oposição pacífica de idéias diante de tão grande teia de possibilidades e que prevaleça o mais forte. Uma idéia deve vencer a outra. Uma idéia deve matar a outra. Uma idéia deve morrer!
Seria correta esta perspectiva predatória das relações humanas? A meu ver, e aqui sou bem mais específico, isso fundamenta alguns adoradores da "Lei do Gérson" que induz as pessoas a levar vantagem em tudo.
Critica-se a pilantragem alheia, porém é licito ser mais esperto e tentar conseguir vantagens nas situações corriqueiras. Isso chega a refletir até na forma como criamos nossos filhos. Lembro-me que a 12 anos passados, certa feita, em uma mesa de café da manhã no local onde trabalho, observei atentamente um amigo com um largo sorriso no rosto, contar as estripulias de seu filhão que estava agarrando as menininhas da sala de aula dele e que a mãe já teria ido duas ou três vezes na escola e não deu jeito e que ele estava sendo chamado. Dizia ele: “Esse moleque não é fácil. Vou ter que ter uma conversa séria com ele”. Contudo ele falava isso entre sorrisos e brincadeiras descontraídas de amigos de trabalho até que disse ainda: “Este moleque puxou o pai”.
Eu, quieto estava e quieto permaneci tomando meu café e somente observando, até que alguém me perguntou o que eu achava da situação. Eu resolvi responder em forma de pergunta. Eu sabia que ele tinha um casal de filhos sendo o garoto e a menina mais nova, lancei então: “O que você faria se fosse chamado à escola porque sua filha estivesse sendo agarrada por um menino da turma?”. Ele, imediatamente mudou o semblante, se esforçou para manter o sorriso sem graça no rosto enquanto outro amigo falava: “Está vendo? Pimenta nos olhos dos outros é refresco”.
Aqui, diga-se de passagem, temos muito mais do que simples machismo. Aqui temos o resultado de uma sociedade viciada nesta cultura predatória, onde o mais “esperto” é o que afere vantagem sobre seu semelhante. Alguns chegam a atribuir peso de honra a tais delitos morais.
De igual modo, vemos, nas relações profissionais onde interagimos com companheiros de trabalho, que muitos levam o dia a dia como se estivessem em um campo de batalha onde o seu companheiro de serviço é o seu principal opositor e adversário. Pessoas que deveriam estar unidas em torno de um ideal já que a lógica indica que se um ganha todos ganham e se um perde todos perdem. Mas ainda assim, os tais “espertos, malandros” desafiam a própria lógica como se estivessem cegos e perdidos, vagando em meio às suas sandices. Completamente avessos à qualquer princípio ético, alguns ainda ocupam funções de liderança e avaliam seus subordinados. Que tipo de avaliação profissional um sujeito desses pode produzir?
Cobramos do poder publico uma polícia mais honesta e eficiente. Profissionais da saúde mais humanos, políticos que não sejam corruptos...etc... Parecemos esquecer que somos nós que estamos lá. Policiais são pessoas, médicos são pessoas e políticos são pessoas. Será que não há algo de errado na consciência social? Entendo que mais dia menos dia vamos ter que repensar nossa própria existência enquanto seres sociais e gregários. E creio que isso vai se dar por força das circunstâncias, tamanho o nível de crueldade, desumanidade, desonestidade, e corrupção do gênero humano.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Foi prejudicado pelo apagão no Nordeste? Saiba como cobrar seus direitos - 04/02/2011 - UOL Notícias - Cotidiano



Ah sim. Deixa ver se eu entendi direito. O consumidor tem até 90 dias para fazer reclamação sobre o produto. Vamos dizer que eu tivesse sido contemplado com uma geladeira queimada. Claro que no primeiro dos 90 dias eu iria fazer a reclamação. Apresentada a reclamação a distribuidora de energia tem até 10 dias corridos para inspecionar e vistoriar o equipamento danificado (só para ver o aparelho). Frisando aqui que os 10 dias são só para constatar se eu estou brincando de aparelhinho queimado com eles. Somente depois, eles vão começar a pensar em dar alguma resposta para o consumidor, mais 15 dias! (esse tempo todo deve ser para ver se tem como "tirar o corpo fora" e dizer que o dano é consequência de mau uso).
Depois de 10 dias para dar as caras e mais 15 dias para pensar no que vão dizer para o cliente (Total 25 dias até aqui); "se concordarem com a reclamação", lá se vão mais 20 dias para eles recolherem o aparelho e consertarem e devolverem. Ou seja, depois de queimada, minha geladeira pode levar até 45 dias para ser consertada, isso se concordarem com a responsabilidade pelo dano!
Neste meio tempo, claro, a ANEEL, reguladora oficial desta bosta de serviço; vai me emprestar a geladeira deles para que os mantimentos da minha geladeira não apodreçam em meio a tanto descaso e desrespeito para com o consumidor.
Na boa amigos, quando leio coisas como estas chego a inevitável conclusão de que esse é mesmo "um país de tolos". Eles fazem o que querem de nós e aceitamos tudo como cordeirinhos. Nos adestraram ao longo dos anos a passar 4 ou 5 meses de cada ano trabalhando de graça para sustentar a máquina de corrupção travestida de Governo e aceitar absurdos como este que exemplifiquei, e que eles tem a coragem de chamar de exercício de direito.

Um dia, quem sabe, acordamos para a realidade e descobrimos o que há por trás de cada carnaval, e big brothers da vida.


Link da notícia:http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2011/02/04/foi-prejudicado-pelo-apagao-no-nordeste-saiba-como-cobrar-seus-direitos.jhtm

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011



Explorando o Horizonte do Entendimento
Eu gosto de me alimentar do que leio, por isso sou seletivo e não leio qualquer coisa. Claro que isso também não significa que eu censure minha leitura lendo somente aquilo que corrobora com o que penso. Longe disso. Quando se lê, deve-se ter objetivos; e o mais sublime e fundamental de todos é o “Saber”. É através do conhecimento que temos das coisas, circunstâncias, pessoas e do sistema que nos cercam que desenvolvemos nossa inteligência através de uma opinião formada e um senso crítico apurado. Não há outro caminho. Mas para isso, independente de termos uma base conceitual formada, temos que estar abertos à necessidade de conhecer as opiniões adversas. Eu, particularmente, quando trato de algum assunto para o qual tenho uma opinião formada, gosto mais de me inteirar das opiniões contrárias do que das favoráveis. É justamente conhecendo a opinião contrária que nos damos a oportunidade de conhecer novas perspectivas e mudar, evoluir nosso pensamento ou mesmo reafirmar com mais fundamento a nossa oposição. Lembrando, claro, que oposição não significa guerra de idéias onde o argumento alheio deva ser destruído. Eu acredito no valor agregado das idéias e que, no campo das opiniões, ninguém detém a verdade absoluta.

Alguns pensam que quanto mais firme e imutável uma pessoa é acerca de determinado conceito, mais ela conhece e domina este conceito. Um erro crasso. Isso não é conhecimento; isso é teimosia e ignorância. A pessoa que mais conhece e domina determinado conceito, menos vê necessidade de auto-afirmação. A auto-afirmação é para os inseguros e “sábios de Google e Wikipédia”. E aqui é preciso pontuar que nada tenho contra as ferramentas em si, mas sim contra a ostentação e a afronta que estas pessoas cultivam em suas personalidades doentias.

Por outro lado temos grandes mentes que, não obstante a grande bagagem de conhecimento e experiência de vida que carregam, adornam o seu saber com a impagável humildade. Sem dúvida um adorno de ouro que valoriza sobremaneira todas as qualidades de uma pessoa. Pessoas verdadeiramente sábias que preferem se calar a partir para o confronto predatório de idéias com baixarias e discussões que não levam a nada.

E qual o tamanho do horizonte do entendimento? Como expandir este horizonte?
O horizonte do entendimento de uma pessoa tem o tamanho equivalente à distância até o horizonte literal. Em outras palavras, assim como somente podemos contemplar a linha do horizonte e mesmo que passássemos a vida andando nunca o alcançaríamos, mas conheceríamos todo o planeta; assim, também, se dá com o horizonte do entendimento. Quanto mais se busca mais ele parece distante, e o premio pela busca é o alargamento das fronteiras do conhecer e do saber.


quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

E o Sarney preside novamente o Senado.




Pela quarta vez Sarney presidirá o Senado naquela que disse ser a sua última administração da casa. Na mais pura demonstração de hipocrisia afirmou que “não desejava o encargo, mas que não poderá fugir”, disse ainda que “faria mais esse sacrifício pelo país”, como se houvesse um clamor por sua permanência. Talvez até haja. Não por parte do povo, mas sim por parte de seus colegas senadores. Talvez com receio do opositor de Sarney,  Randolfe Rodrigues do PSOL e também candidato à presidência da casa que afirmou, entre suas propostas, que “faria uma auditoria nas contas do Senado”. Escutar isso talvez tenha sido perturbador e conclusivo na escolha dos Senadores, e vamos ter que engolir o Sarney novamente, com seus conluios e apadrinhamentos costumeiros.
Eu não resisto e tenho que plagiar aqui o narrador esportivo Januário de Oliveira:
“Taí o que você queria... “

É bola rolando e a vida que segue. Governar ainda continua sendo sinônimo de fazer e sustentar conluios com objetivos pessoalizados na busca pelo poder, tendo o bem estar do povo como objetivo secundário. A prioridade máxima para os políticos é a perpetuação nos corredores do poder e a ampliação dos horizontes econômicos e da rede de tráfico de influências.
Na verdade nem sei por que resolvi abrir este comentário. Não há nada de novo e talvez as poucas pessoas que me lêem nem se sintam motivadas para ler até o fim. Um assunto chato, recorrente, para o qual todos sabemos não haver solução na simples retórica de um ou outro que repetidamente levante a voz contra a corrupção. Diria Léo Jaime: “Nada mudou”. Aliás, fica aí a sugestão de um interessante exemplar de musicalidade dos anos 80 que eu curti muito: http://www.youtube.com/watch?v=J6dwER75Wwo.

Contudo, ao pensar assim, sou quase que imediatamente acometido pela consciência de que o silêncio do “não adianta nada mesmo” pode até provocar um alívio imediato, mas além de também não resolver nada, só rola o problema para mais à frente,  mas ele continua lá diante dos meus olhos. De uma coisa eu tenho certeza, se acreditamos que alguma coisa tem que mudar neste país, isso terá que nascer na consciência do povo de forma coletiva e contagiante.
Político não se preocupa com as necessidades de pequenos grupos.
Político não se preocupa com aumento da criminalidade e queda da qualidade de ensino ou falência da saúde pública (isso até lhes favorece).
Político só tem medo de uma coisa. Da consciência coletiva do povo, que eles medem com o mecanismo do índice de popularidade. Eles têm verdadeiro pavor de medidas consideradas “impopulares” mesmo que sejam boas medidas e salutares à sociedade. Se não resulta em um bom marketing pessoal, nada feito.
Por isso chego à conclusão de que vale sim à pena repetir neste assunto demonstrando toda a indignação possível. Pode ser que, com a repetição de muitas vozes, em muitos blogs e fóruns diversos, um dia a massa popular abandone gradativamente o “pão e circo” e desenvolva uma consciência mais crítica que nos torne uníssonos contra o império da corrupção que caminha lado a lado com o poder e contamina mortalmente nossas instituições.

Tenho o dever moral e cívico de acreditar. De ter esperança de que um dia esse mar de corrupção tenha fim ou, ao menos inicie uma rota de descendência. Como brasileiro sinto-me compelido a manter acesa a chama da esperança.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011



A QUESTÃO DA OBRIGATORIEDADE DO VOTO
Cristóvão Buarque escreveu, próximo às eleições passadas, algumas frases que me chamaram muito à atenção. Normalmente eu concordo com o Cristóvão. Ele é um cara íntegro e com um preparo intelectual cativante. Contudo, desta vez, vou me permitir discordar no que trata da questão do voto obrigatório.

As frases soltas dele:
“Votar nulo é um direito democrático. Mas é direito que mantém os mesmos no poder”.
“Quando muitos começam a votar nulo, alguns começam a pensar nas armas no lugar das urnas”.
“Não votar é um direito. O direito de negar-se a um direito. Como parar de respirar é um direito também”.
“Claro que voto nulo é legal e ético, só duvido se é eficiente”.                                                                                                                                                   
Minha opinião:
Votar nulo é sim, também, parte do exercício da democracia. É inconcebível pensar que o direito à escolha não abarque em seu bojo, o direito de não escolher.
Um exemplo que sempre uso é o de um pai que leva uma criança a uma sorveteria e diz que ela tem o “direito” de escolher um sabor de sorvete. A criança escolhe morango, mas o atendente diz que não tem o sabor morango. O pai diz para a criança escolher outro sabor, a criança não quer escolher, mas o pai insiste na escolha de outro sabor. O garoto é motivado a escolher o sabor “menos pior” e a escolha deixa de ser “escolha” para ser obrigação. Assim penso ser com relação ao voto. Não vejo lógica que compatibilize a obrigatoriedade do comparecimento às urnas com o direito à escolha.

Direito implica em escolha.
Não somente ir, mas também decidir se quer ir.
Não somente fazer, mas decidir se quer fazer.
Não somente falar, mas decidir se quer falar.
Não consigo entender que tipo de direito é esse que obriga o seu cumprimento.

Mesmo depois de muito pensar sobre, eu não consigo vislumbrar a tão alegada importância desta obrigatoriedade no exercício de cidadania. Como se os que votam nulo não gozassem da prerrogativa de cidadãos e fossem, de certa forma, marginais à sociedade.           Eu voto nulo há algum tempo e não sou alienado político por causa disso, nem me sinto inferior a nenhum dos votantes, enquanto cidadão. Creio que vale ressaltar também que “comparecimento às urnas” não implica necessariamente em voto. Nem em “voto útil” nem em “voto inútil”, isso para os que gostam destas nomenclaturas.
Cristóvão Buarque, em uma de suas frases, brinca com as palavras fazendo um trocadilho quando afirma que não votar “é um direito de negar-se a um direito”.          Que o seja! Mas pensem comigo... “Direito do (exercício ou não) de um direito” é redundância desnecessária já que, para ser um direito, a possibilidade da negativa deve ser tão clara quanto da execução. Um prisioneiro não tem o “direito” de estar preso. Isso não é direito isso é dever, pena, obrigação. Para que estar preso fosse um direito haveria o preso que ter disponível a escolha de não estar preso.

Atenção para esta frase dele:
“Quando muitos começam a votar nulo, alguns começam a pensar nas armas no lugar das urnas”.
Analisando... será que o que motiva as armas como solução é o voto nulo? Ou será que o voto nulo é tanto efeito como o é a solução armada?
 O exercício do voto deveria sim ser facultativo mostrando a realidade do país. Só compareceriam às urnas quem realmente deseja votar e vai expressar uma escolha real. Uma expressão volitiva de um cidadão consciente. E os candidatos iam ter que passar a se preocupar em levar as pessoas às urnas, e não apenas tentar iludir as massas. Levar o povo às urnas daria muito mais trabalho e precisariam de projetos seguros, sérios e compromissados com o povo.   

domingo, 30 de janeiro de 2011



A Impunidade é o adubo da Corrupção
Apenas um pequeno detalhe observado.
Aliás, são os pequenos detalhes que promovem sutilmente grandes definições e tendências.
Em uma dessas manhãs estava observando certa notícia no programa jornalístico "Bom dia Brasil", veiculado na Rede Globo. Certa matéria falava sobre a corrupção praticada por oficinas mecânicas de automóveis na avaliação de serviços ao consumidor. Com uma câmera escondida, flagraram a produção de diagnósticos fraudulentos em várias oficinas mecânicas, e a consequente disparidade entre orçamentos, todos superfaturados com serviços que seriam feitos desnecessariamente. Procurando encurtar a história e indo direto ao ponto. A reportagem conclui que estas oficinas se aproveitam da ignorância do consumidor acerca do cada vez mais complexo universo mecânico dos automóveis e pratica corrupção quando cobram por serviços não feitos ou feitos desnecessariamente. A reportagem conclui dizendo que o consumidor deve reclamar aos órgãos de defesa do consumidor quando for lesado e que basta provar que foi cobrado indevidamente.
Pronto! Aí está a questão. É exatamente neste ponto que reside a maior complexidade da coisa. A conta sempre cai no colo do consumidor isso é inevitável. A conta e o ônus pela fiscalização que caberia às instituições que regulam as atividades profissionais. O consumidor é estimulado a prestar queixa ao PROCON, e isso é válido sim, mas não pode nunca substituir a presença efetiva dos órgãos reguladores do Poder Público. Toda atividade profissional deve sofrer fiscalização. Eu me pergunto, se uma emissora de TV, em uma única matéria consegue produzir dados conclusivos acerca de corrupção em várias oficinas. Se esta matéria fosse um ato de fiscalização das oficinas, teríamos algumas com portas fechadas ainda que por um período e pagando pesadas multas. É preciso começar a doer no bolso dos donos destas oficinas para que alguma coisa seja feita, mas o governo não está nem aí para o bem estar e segurança do consumidor. O lesado que “se vire” e que vá, às suas próprias expensas, ao órgão de defesa do consumidor mais próximo e reclame.
Mas, reclamar basta? O consumidor tem que produzir provas certo? Para isso, o consumidor teria que ir em várias oficinas obter orçamentos. Procurar uma avaliação fiel que indicasse e testemunhasse contra a corrupção, para, somente então, requerer alguma coisa na esfera jurídica. Ora, o consumidor que tem uma oficina de sua confiança que sirva de parâmetro para avaliar outras, este consumidor não tem mais um problema e não precisa ficar pra lá e pra cá fiscalizando oficinas. Serviço este que deveria ser do Poder Público que emite alvará para o funcionamento de tais estabelecimentos.
Chegamos à inevitável conclusão de que o combustível que alimenta a corrupção é a impunidade sim. Mas a impunidade não deve ser vista como fruto produzido pelo descaso e desinformação da população, mas sim pela inoperância e inatividade, porque não dizer, inutilidade dos organismos de regulação e fiscalização do Governo. Estão mais interessados na obtenção dos impostos advindos dos estabelecimentos comerciais do que na garantia de serviços dignos à população.
Como consumidor eu não me vejo na obrigação de sair por aí tentando descobrir se a primeira oficina que eu entrar vai me roubar. Como consumidor eu tenho o direito de entrar na primeira oficina legalmente aberta que encontrar e ser tratado com dignidade, respeito, educação e transparência. Fiscalizar e impedir crimes próprios como a corrupção nas oficinas é ônus que recai sobre o Poder Público. Se praticam corrupção é porque têm estampados em suas paredes, alvarás que são verdadeiras permissões para lesar consumidores.
E não adianta atribuir a culpa ao “mecânico ladrão”. É responsabilidade da empresa saber quem coloca pra trabalhar e fiscalizar a atividade do profissional. Logo, se o mecânico está roubando, está contando com a facilitação da empresa e com a cegueira de quem caberia fiscalizar.
Por quê o consumidor reclama pouco?
Pelo simples fato de que não há confiança nem esperança de que a coisa melhore. O consumidor só recorre à justiça quando o prejuízo é grande e compensa a dor de cabeça e gasto, porque, na maioria das vezes, “perder pouco é também ganhar”. Imagina se todos têm tempo para ficar para lá e para cá em Procons, sacrificando seus momentos de descanso ou mesmo empregando tempo de trabalho.
Na verdade o povo não acredita mais nas instituições, e não é sem motivos.