quarta-feira, 22 de outubro de 2014



Em dias de proximidade a campanhas eleitorais me abstenho de ler muita coisa. Passo uma peneira mesmo e deixo de ler muita coisa, inclusive de amigos. Sem problemas com as divergências, elas existem justamente para dar o tempero certo da amizade com o devido reconhecimento do valor desta. A questão não é a divergência mas sim o aparente estado de hipnose que parece mergulhar a pessoa em um fundamentalismo político que chega a ser chato. Alguns levam isso tão a sério que até desfazem amizade quando você as contraria em alguma coisa. Fato que aconteceu comigo no ano passado. Uma pessoa que se dizia meu "amigo". Com quem sempre trocava boas idéias e muita zueira, certo dia, presumo eu, porque expus uma opinião contrária ao governo do PT, o cara (que depois eu soube ser simpatizante do partido), simples e deliberadamente, me excluiu da condição de amigo e bloqueou o meu acesso as suas mensagens. Indaguei várias vezes por mensagem o motivo mas não obtive resposta.
Bem... Para mim amizade é o mais alto grau possível em um relacionamento humano. Não sou de chamar a todos de amigos. A palavra AMIGO pra mim tem uma conotação muito forte, e cobro demais de quem se diz "amigo". No meu entender é preferível ter ali um colega, conhecido, simpatizante, ou qualquer outro adjetivo que o valha do que receber o rótulo de amigo. Nem todos estão preparados para ostentar este título. Mas, claro, essa é apenas a minha visão, que está longe de ser verdade absoluta mas é assim que vejo.
Contudo o propósito dessas linhas não é falar sobre amizade e sim sobre esse estado de entorpecimento partidarista que parece envolver e cegar as pessoas. Um entorpecimento que compromete temperamento, ânimo e humor de várias pessoas, de uma tal forma que as vezes parece que estamos diante de um pleito eleitoral que vai definir a continuidade da existência humana na terra. Na boa... Sem zueira... Não consigo entender. Já tentei considerar toda e qualquer hipótese de paixão ideológica mas juro que não consigo encaixar na minha caixola de ET o porquê de tanta beligerância em torno desse tema.
Alguns tornam-se até agressivos e, por vezes, até ofendem outros quando contrariados no que expõem. Eu, definitivamente, não consigo compreender.
Eu gostaria de ver esse pessoal que radicaliza suas ideologias no âmbito partidário, usar dessa mesma postura enfática no exercício diário da cobrança de seus direitos junto as instituições. Gostaria de ver essa galera demonstrar essa intolerância contra a corrupção, contra a violência, contra o mal funcionamento das repartições públicas... isso no dia a dia. Mas todos agem como se o único momento de falar dos problemas que nos envolve é em época de eleição. Claro né. São doutrinados assim. A própria máquina do Estado movimenta-se no sentido de incutir ininterruptamente na mente da população que a hora de mudar alguma coisa é agora, na eleição. Claro, faz muito sentido, porque o que na verdade eles querem não é solucionar problema algum. Eles querem são os votos para continuarem a dança das cadeiras em torno do poder e do dinheiro. Dane-se o povo!
E aí, quando vejo pessoas boas, com boas idéias, inteligentes... Assumindo uma postura beligerante em torno de uma candidatura política... postura beligerante essa que não manterá durante todo o mandato político que se segue... eu só posso concluir a inutilidade de tudo isso.
A inutilidade de perder amigos por causa de.... política partidária...
A inutilidade de ver pessoas afastando-se por não tolerar tanta chatice de..... política partidária...
A inutilidade de permitir-se irritar, discutir, brigar, ofender, ser ofendido, por causa de..... política partidária...

Não vou me posicionar aqui no tocante aos candidatos porque não quero, nem de longe, permitir contaminar o meu texto com questões de partidarismo político. Mas, para mim, ambos os candidatos retratados na imagem são formados da mesma essência. Cada qual representa a fachada de organizações que são verdadeiras máquinas de poder que são alimentadas pelo mesmo combustível.... o seu e o meu dinheiro suado. Você, meu amigo(a) que assume postura beligerante e se permite contaminar com política partidária, saiba que o seu direito de escolha é limitado a uma fachada. Você vai escolher a fachada que lhe parece mais bonita, mas você não tem poder de trocar as engrenagens. Com o voto não.
Para trocar as engrenagens é preciso desmontar a máquina. Isso leva tempo. Isso deve ser feito é durante o mandato. Através da sua pressão contra as injustiças e os desmandos das instituições que, funcionam não para lhe atender mas sim para produzir o produto político que vai construir a ilusão ideológica para o proximo pleito. E lá estará você de novo.... daqui a quatro anos... arrumando discussões inúteis enquanto a sua situação econômica e social tende a, na melhor das hipóteses, ser igual a que você tem hoje.

Vale a pena pensar um pouco nisso. Não crie discussões, brigas.... Não se permita afastar de amigos ou que amigos se afastem por causa dessa desgraçada política predadora que é praticada em nosso país. Considerar isso já pode ser o início de uma melhora porque, no dia que o povo deixar de alimentar-se de lixo, teremos campanhas mais limpas e propostas reais...verdadeiras...justas...equilibadas. Lembre-se, os candidatos TODOS, mentem porque mentir é compensatório. Mentir produz efeitos imediatos e eles tem a certeza de que não serão cobrados depois pelas mentiras que disserem agora.

Pense nisso.

terça-feira, 30 de setembro de 2014


Se tem um assunto que me enoja é política. Claro, falo especificamente de política partidária porque a política, na concepção generalista da palavra, está em tudo. Tudo é política. Sua reputação e respeito no trabalho dependem de sua competência profissional mas também de sua política relacional. A sua convivência com a vizinhança no seu prédio, rua, dependem da "polítida da boa vizinhança". Às vezes é necessário engolir um sapo...ou até muitos sapos transformando a barriga em pântano hehehe.

Enfim, abordo aqui, especificamente, a política partidária que determina os rumos desse país. Estamos a alguns poucos dias de mais uma eleição. E o que vemos são velhas mentiras travestidas com roupas novas. Os discursos falam exaustivamente em "renovação", "mudança", mas no fundo é sempre mais do mesmo.

Está completando um ano das grandes manifestações populares. Faz um ano que "O Gigante Acordou", mas parece que tornou a dormir. Falo isso mas não é pelos 20 centavos, nem mesmo pelos black blocs que descambaram para a desinteligência do vandalismo, e conseguiram com isso, tirar o foco dos problemas em si e, sobretudo, legitimaram o emprego de truculência por parte de governos corruptos que não pensaram duas vezes em esmagar com vigor os movimentos públicos e silenciaram a reboque, as vozes que deveriam ser ouvidas. Com isso conseguiram fazer com que se perdesse em meio aos estrondos de bombas e gases lacrimejantes, perguntas incômodas para as quais não queriam dar respostas.
Marginalizaram as manifestações. Estas eram legítimas e tinham foco. Expunham as mazelas dos governos. Cobravam um posicionamento público. As manifestações obrigaram esses trastes políticos a se reunirem e traçarem estratégias de ação e resposta aos anseios populares. Por alguns momentos... apenas alguns momentos... os dizeres da foto acima tiveram vida.
Não foi pelos 20 centavos que os políticos se aterrorizaram. Definitivamente não foi pelos 20 centavos.
Mas... o vento de lucidez passou... e o voltamos ao velho "pão e circo". Creio que a maior evidencia de nosso inegável conformismo está traduzido pelas pesquisas das intenções de voto. Os três candidatos mais proeminentes, que tem alguma chance de lograr êxito em seus pleitos, todos eles representam a continuidade do atual modelo. Se fossemos um povo realmente indignado a abstinência as urnas seria em massa... Ou o voto nulo seria maior do que a preferencia entre estes trastes. Mas, ainda somos massa de manobra. O povo ainda é movido pelas propagandas que vinculam a escolha positivada ao exercício da cidadania. O povo sequer se dá conta de que a sua cidadania é conquistada com 5 meses de trabalho de graça, todos os anos, para sustentar esta máquina de corrupção chamada "Governo".


sexta-feira, 4 de julho de 2014

O MAIOR ADVERSÁRIO DO BRASIL



Argentina? Alemanha? França? Holanda? Colômbia?
Não. Nenhuma dessas seleções. 
O maior adversário que o Brasil enfrenta em todas as copas é sempre o mesmo. Pelo menos desde 1982, que foi a primeira copa que assisti acompanhando bem todos os acontecimentos, posso dizer que o maior e mais duro adversário a ser enfrentado e vencido pelo Brasil é a imprensa esportiva. ( a de 1978 lembro muito pouco. Era muito pequeno).
A magnifica e mais poderosa seleção que eu vi jogar foi a de 1982... Que saiu do Brasil debaixo de pesadas críticas tendo como principal alvo aquele que é, hoje, venerado como um dos maiores técnicos de todos os tempos, Telê Santana. Mas que na época, para a imprensa esportiva era apenas o técnico "burro e teimoso" só porque ousava pensar além do seu tempo e era resistente a figura dos pontas de ofício.
Em 1986, Telê ainda era o "burro da vez", porque cobrava disciplina e não tolerou as escapadas para baladas de Renato e Leandro.
Em 1990, o burro da vez foi o Lazaroni.... Mas esse foi burro mesmo...rs
Em 1994 o burro da vez foi o Parreira, (que é tido como retranqueiro fracassado por muitos cronistas esportivos ainda hoje), mesmo trazendo o "caneco" que não víamos desde 1970.
Em 1998 o estigma de burro passou a ser de Zagalo. O "fracassado mais bem sucedido do futebol brasileiro".
Em 2002 o burro da vez passou a ser o Felipão porque não levou o Romário e passou a ser o retranqueiro da vez também.
Em 2006 o Parreira e o Zagalo dividiram a culpa pela "bagunça e falta de profissionalismo" de uma seleção que, antes da copa, chegou a ser comparada com a de 1982, dada a quantidade de medalhões. A acusação de bagunça e falta de profissionalismo foram bandeiras erguidas pela própria imprensa na medida que cobravam da CBF uma postura reformuladora. Isso levou a nomeação de Dunga, que atendeu as expectativas de todos obtendo, inclusive, significativos resultados positivos com uma seleção de carregadores de piano, que chegou à copa da África em 2010 desprovida de orgulho individualista. A força estava, enfim, no conjunto. Mas Dunga passou a ser o "burro teimoso" da vez porque não levou Neymar e Ganso e, principalmente, porque bloqueou o "oba oba" da imprensa brasileira.
2014... O estigma de "burro teimoso" da vez volta a ser Felipao. Ontem mesmo assisti no canal Sportv um cronista esportivo afirmar, categoricamente, que enfim acabou a lua de mel da seleção com a imprensa e que isso é bom para a seleção porque vai "chacoalhar"...
Gosto e assisto a programas esportivos porque gosto de esportes, principalmente o futebol. Mas não tenho lembrança de, ao longo de todo esse período, ter visto uma vez sequer a imprensa contribuindo positivamente para com a seleção. 
Já não me impressiona. Sempre foi assim. A imprensa esportiva, na sua ânsia de buscar impacto como atrativo de suas matérias, fomenta um clima de crescente desconfiança e instabilidade. Agora resolveram implicar pesadamente com o lado emocional dos jogadores. Se os caras choram de emoção é porque são desequilibrados e despreparados. Se ao invés disso não demonstrassem suas emoções a acusação seria a de que não estariam levando a seleção a sério... Que seriam mercenários que só se empolgam em seus milionários clubes da Europa. Não adianta. De um jeito ou de outro vão falar. De um jeito ou de outro vão continuar sendo, sempre, o mais duro e implacável adversário a ser vencido.
Tiveram, inclusive, a infelicidade de eleger justamente o Thiago Silva como símbolo da suposta fraqueza emocional. Justo um cara que venceu duras pancadas da vida em uma queda que muito poucos teriam forças para se reerguer. Um guerreiro. Na concepção mais forte da palavra. Mas a visão machista, babaca, considera um homem que chora de emoção, um fraco. Só idiotas pensam assim. Desculpem a franqueza.

Quanto a seleção. No tocante ao que deveria realmente interessar, como eu já disse antes em algumas postagens pela grande rede, considero que não temos a melhor equipe do campeonato. Temos um time apenas BOM. Nada mais que isso. Podemos até chegar ao título. É perfeitamente possível. Mas é preciso ter em mente que é igualmente factível ficarmos pelo caminho. Pode ser hoje com a Colômbia... Ou na semi-final com Alemanha ou França... Ou mesmo em uma final com, quem sabe... Holanda ou Argentina... Mas é preciso ter em mente que há seleções melhores que a nossa e que merecem tanto quanto, ou até mais,o título. Infelizmente o "azar" que considero é que, justamente neste momento de uma limitada seleção, termos uma copa novamente no Brasil.
Vamos torcer, porém, com essa consciência. A não ser que aconteça um milagre futebolístico a vaga virá com muita luta e na base da persistência e força. Ou talvez não virá. Tenho uma opinião particular sobre o futebol que tenho visto ser jogado nesta copa no Brasil. Acho que estamos testemunhando aquela que talvez venha a ser uma profunda mudança no cenário futebolístico mundial. Mas isso é assunto para outra hora rs.