quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

E o Sarney preside novamente o Senado.




Pela quarta vez Sarney presidirá o Senado naquela que disse ser a sua última administração da casa. Na mais pura demonstração de hipocrisia afirmou que “não desejava o encargo, mas que não poderá fugir”, disse ainda que “faria mais esse sacrifício pelo país”, como se houvesse um clamor por sua permanência. Talvez até haja. Não por parte do povo, mas sim por parte de seus colegas senadores. Talvez com receio do opositor de Sarney,  Randolfe Rodrigues do PSOL e também candidato à presidência da casa que afirmou, entre suas propostas, que “faria uma auditoria nas contas do Senado”. Escutar isso talvez tenha sido perturbador e conclusivo na escolha dos Senadores, e vamos ter que engolir o Sarney novamente, com seus conluios e apadrinhamentos costumeiros.
Eu não resisto e tenho que plagiar aqui o narrador esportivo Januário de Oliveira:
“Taí o que você queria... “

É bola rolando e a vida que segue. Governar ainda continua sendo sinônimo de fazer e sustentar conluios com objetivos pessoalizados na busca pelo poder, tendo o bem estar do povo como objetivo secundário. A prioridade máxima para os políticos é a perpetuação nos corredores do poder e a ampliação dos horizontes econômicos e da rede de tráfico de influências.
Na verdade nem sei por que resolvi abrir este comentário. Não há nada de novo e talvez as poucas pessoas que me lêem nem se sintam motivadas para ler até o fim. Um assunto chato, recorrente, para o qual todos sabemos não haver solução na simples retórica de um ou outro que repetidamente levante a voz contra a corrupção. Diria Léo Jaime: “Nada mudou”. Aliás, fica aí a sugestão de um interessante exemplar de musicalidade dos anos 80 que eu curti muito: http://www.youtube.com/watch?v=J6dwER75Wwo.

Contudo, ao pensar assim, sou quase que imediatamente acometido pela consciência de que o silêncio do “não adianta nada mesmo” pode até provocar um alívio imediato, mas além de também não resolver nada, só rola o problema para mais à frente,  mas ele continua lá diante dos meus olhos. De uma coisa eu tenho certeza, se acreditamos que alguma coisa tem que mudar neste país, isso terá que nascer na consciência do povo de forma coletiva e contagiante.
Político não se preocupa com as necessidades de pequenos grupos.
Político não se preocupa com aumento da criminalidade e queda da qualidade de ensino ou falência da saúde pública (isso até lhes favorece).
Político só tem medo de uma coisa. Da consciência coletiva do povo, que eles medem com o mecanismo do índice de popularidade. Eles têm verdadeiro pavor de medidas consideradas “impopulares” mesmo que sejam boas medidas e salutares à sociedade. Se não resulta em um bom marketing pessoal, nada feito.
Por isso chego à conclusão de que vale sim à pena repetir neste assunto demonstrando toda a indignação possível. Pode ser que, com a repetição de muitas vozes, em muitos blogs e fóruns diversos, um dia a massa popular abandone gradativamente o “pão e circo” e desenvolva uma consciência mais crítica que nos torne uníssonos contra o império da corrupção que caminha lado a lado com o poder e contamina mortalmente nossas instituições.

Tenho o dever moral e cívico de acreditar. De ter esperança de que um dia esse mar de corrupção tenha fim ou, ao menos inicie uma rota de descendência. Como brasileiro sinto-me compelido a manter acesa a chama da esperança.

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