sexta-feira, 21 de janeiro de 2011


O que é morrer?

Uma pergunta com aparente facilidade para ser respondida. Uma falsa facilidade, porque o conceito de morte é bem mais amplo do que parece. Contudo, tomo como ponto de partida para esta breve reflexão o mais simples e lógico dos conceitos de morte. “Morte é ausência de vida”. Nada mais que isso, nada menos que isso. Apenas “ausência de vida”. A lógica clara desta afirmação envereda pelos rumos da obviedade. O que mais importa saber, além disso? Que tipo de desdobramentos tal conceito pode ter a ponto de revestir a questão da complexidade aludida?

E que objetivo tenho eu em ficar falando de um assunto tão normalmente evitado? O assunto morte.

Não há objetivo definido. Apenas reconheço que estou comovido com os últimos acontecimentos terríveis que abateram a população da região serrana. É difícil não pensar... é difícil não sentir.

Sentir? Quem, na verdade, está sentindo a profunda dor que consome a alma? Quem são aqueles que a cada amanhecer acordam inseridos no pior pesadelo de suas vidas?

Muitos mortos ainda estão andando entre nós.

Não consigo acreditar que um pai que perdeu seus 4 filhos como em uma reportagem que eu vi.... possa acreditar que ainda está vivo!!!

Não consigo acreditar que esse homem que carrega o caixão branco de sua filhinha sendo seguido pelo corpo da mulher trazido em cortejo, possa olhar para si mesmo e dizer “Estou vivo” e sentir-se feliz por isso. A pior das desgraças que pode acometer um ser humano não é a morte física, mas a morte da esperança. Isso sim é a mais perfeita expressão do que é “Ausência de Vida”. Essas pessoas que perderam toda a sua família, também morreram! Estão mortas, sem nome, sem esperança, sem perspectivas, pois os seus sonhos não têm mais futuro. Somente por Deus elas poderão novamente vir a ter uma vida, talvez... Contudo, nunca mais a mesma vida que perderam no mar de barro que varreu a sua história. O mar de barro que varreu para sempre as vozes daqueles a quem eles amavam.

Eu não vou escrever muito mais.

Nem pretendo fazer o que tanta gente já fez nestes dias. Criticar as autoridades.

São culpados sim, pelo descaso. Culpados por olhar para o povo e ver “gado eleitoral que produz o leite chamado VOTO”. Creio que já basta! Já temos provas o suficiente de que não podemos esperar dias melhores pelas mãos de políticos.

A reflexão que proponho é a busca de dias melhores através da mudança de mentalidade do povo. Sim do povo! Partindo desde o mais humilde dos homens até a mais alta esfera da sociedade. Não é tão difícil ver que estamos diante do resto de nossas vidas e que, a sociedade futura está sendo construída agora, por nossas mãos. Não façamos do descaso e do imediatismo a moeda de nossas relações. Precisamos reinventar a sociedade. Precisamos resgatar valores inestimáveis outrora perdidos por conta de nosso egoísmo, ganância e comodidade. A modernidade nos tornou menos “humanos” no sentido mais profundo da palavra. Precisamos nos reinventar. Cultivar o amor ao próximo, buscar a paz, a cura da alma.

Precisamos buscar uma nova forma de ver a vida. Não há uma fórmula pronta para isso. E talvez seja isso que nos distancie da ação. Somos frutos de uma sociedade pós-moderna que acostumou a planificar e mensurar tudo. É tudo lógica e razão. Mas...

Acaso alguém conseguiu mensurar o amor?

Acaso alguém conseguiu mensurar o valor de uma vida?

É possível racionalizar o sentimento?

O que mais nos faz falta, enquanto humanos, hoje, não pode ser obtido com toda a tecnologia e ciência do mundo. Se nada for feito; se não nos reinventarmos; estaremos fadados a ver a morte do que restou da “humanidade” do homem. E o que restará quando somente houver a razão + a tecnologia + a ciência? Seremos, a meu ver, como esse homem que carrega o corpo da filha sendo seguido pelo corpo da mulher... Não seremos mais ninguém! Apenas mortos que respiram e andam.

O "UNIVERSO PESSOAL"



Quão estranho não nos parece o título destas linhas, "Universo Pessoal". Ora, se é universo, como ser pessoal? Como considerar que alguma coisa possa ter amplitude universal sendo de leitura pessoal? Mas é imerso neste paradoxo que entendo estarem as relações humanas. Não me refiro a nenhuma situação específica, mas falo de forma generalista. Tenho observado ao meu redor que as relações humanas, sejam em quais esferas forem, revelam um universo de pessoalidades. Todos são gestores (alguns se acham até criadores) do mundo e das circunstâncias que os cercam. Cada um tem razão sobre todos. Cada plano e projeto pessoal tem prioridade sobre os outros , assim como cada conceito e princípio. Não se considera a natural e salutar oposição pacífica de idéias diante de tão grande teia de possibilidades e que prevaleça o mais forte. Uma idéia deve vencer a outra. Uma idéia deve matar a outra. Uma idéia deve morrer!

Seria correta esta perspectiva predatória das relações humanas? A meu ver, e aqui sou bem mais específico, isso fundamenta alguns adoradores da "Lei do Gérson" que induz as pessoas a levar vantagem em tudo.

Critica-se a pilantragem alheia, porém é licito ser mais esperto e tentar conseguir vantagens nas situações corriqueiras. Isso chega a refletir até na forma como criamos nossos filhos. Lembro-me que a 12 anos passados, certa feita, em uma mesa de café da manhã no local onde trabalho, observei atentamente um amigo com um largo sorriso no rosto, contar as estripulias de seu filhão que estava agarrando as menininhas da sala de aula dele e que a mãe já teria ido duas ou três vezes na escola e não deu jeito e que ele estava sendo chamado. Dizia ele: “Esse moleque não é fácil. Vou ter que ter uma conversa séria com ele”. Contudo ele falava isso entre sorrisos e brincadeiras descontraídas de amigos de trabalho até que disse ainda: “Este moleque puxou o pai”.

Eu, quieto estava e quieto permaneci tomando meu café e somente observando, até que alguém me perguntou o que eu achava da situação. Eu resolvi responder em forma de pergunta. Eu sabia que ele tinha um casal de filhos sendo o garoto e a menina mais nova, lancei então: “O que você faria se fosse chamado à escola porque sua filha estivesse sendo agarrada por um menino da turma?”. Ele, imediatamente mudou o semblante, se esforçou para manter o sorriso sem graça no rosto enquanto outro amigo falava: “Está vendo? Pimenta nos olhos dos outros é refresco”.

Aqui, diga-se de passagem, temos muito mais do que simples machismo. Aqui temos o resultado de uma sociedade viciada nesta cultura predatória, onde o mais “esperto” é o que afere vantagem sobre seu semelhante. Alguns chegam a atribuir peso de honra a tais delitos morais.

De igual modo, vemos, nas relações profissionais onde interagimos com companheiros de trabalho, que muitos levam o dia a dia como se estivessem em um campo de batalha onde o seu companheiro de serviço é o seu principal opositor e adversário. Pessoas que deveriam estar unidas em torno de um ideal já que a lógica indica que se um ganha todos ganham e se um perde todos perdem. Mas ainda assim, os tais “espertos, malandros” desafiam a própria lógica como se estivessem cegos e perdidos, vagando em meio às suas sandices. Completamente avessos à qualquer princípio ético, alguns ainda ocupam funções de liderança e avaliam seus subordinados. Que tipo de avaliação profissional um sujeito desses pode produzir?

Cobramos do poder publico uma polícia mais honesta e eficiente. Profissionais da saúde mais humanos, políticos que não sejam corruptos...etc... Parecemos esquecer que somos nós que estamos lá. Policiais são pessoas, médicos são pessoas e políticos são pessoas. Será que não há algo de errado na consciência social? Entendo que mais dia menos dia vamos ter que repensar nossa própria existência enquanto seres sociais e gregários. E creio que isso vai se dar por força das circunstâncias, tamanho o nível de crueldade, desumanidade, desonestidade, e corrupção do gênero humano.

Explorando o horizonte do entendimento

Eu gosto de me alimentar do que leio, por isso sou seletivo e não leio qualquer coisa. Claro que isso também não significa que eu censure minha leitura lendo somente aquilo que corrobora com o que penso. Longe disso. Quando se lê, devem-se ter objetivos; e o mais sublime e fundamental de todos é o “Saber”. É através do conhecimento que temos das coisas, circunstâncias, pessoas e do sistema que nos cercam que desenvolvemos nossa inteligência através de uma opinião formada e um senso crítico apurado. Não há outro caminho. Mas para isso, independente de termos uma base conceitual formada, temos que estar abertos à necessidade de conhecer as opiniões adversas. Eu, particularmente, quando trato de algum assunto para o qual tenho uma opinião formada, gosto mais de me inteirar das opiniões contrárias do que as favoráveis. É justamente conhecendo a opinião contrária que nos damos a oportunidade de conhecer novas perspectivas e mudar, evoluir nosso pensamento ou mesmo reafirmar com mais fundamento a nossa oposição. Lembrando, claro, que oposição não significa guerra de idéias onde o argumento alheio deva ser destruído. Eu acredito no valor agregado das idéias e que, no campo das opiniões, ninguém detém a verdade absoluta.

Alguns pensam que quanto mais firme e imutável uma pessoa é acerca de determinado conceito, mais ela conhece e domina este conceito. Um erro crasso. Isso não é conhecimento; isso é teimosia e ignorância. A pessoa que mais conhece e domina determinado conceito, menos vê necessidade de auto-afirmação. A auto-afirmação é para os inseguros e “sábios de Google e Wikipédia”. E aqui é preciso pontuar que nada tenho contra as ferramentas em si, mas sim contra a ostentação e a afronta que estas pessoas cultivam em suas personalidades doentias.

Por outro lado temos grandes mentes que, não obstante a grande bagagem de conhecimento e experiência de vida que carregam, adornam o seu saber com a impagável humildade. Sem dúvida um adorno de ouro que valoriza sobremaneira todas as qualidades de uma pessoa. Pessoas verdadeiramente sábias que preferem se calar a partir para o confronto predatório de idéias com baixarias e discussões que não levam a nada.

E qual o tamanho do horizonte do entendimento? Como expandir este horizonte?
O horizonte do entendimento de uma pessoa tem o tamanho equivalente à distância até o horizonte literal. Em outras palavras, assim como somente podemos contemplar a linha do horizonte e mesmo que passássemos a vida andando nunca o alcançaríamos, mas conheceríamos todo o planeta; assim, também, se dá com o horizonte do entendimento. Quanto mais se busca mais ele parece distante, e o premio pela busca é o alargamento das fronteiras do conhecer e do saber.

APRESENTANDO O BLOG

POR QUE O TÍTULO CONJECTURAS?


Quando revivi a idéia do Blog eu me pus a pensar que título daria a ele. Mas para responder a esta pergunta eu primeiro teria que decidir o quê exatamente eu queria escrever neste blog. Decidir o quê este blog signficaria para mim e, sobretudo, o quê eu queria que ele significasse para os que o viessem a ler. Eis o dilema diante de mim. Ter que nomear o blog tendo que admitir que este poderá ter sua dinâmica alterada conforme a idéia ganhar forma e for amadurecendo. Como não ter um título incoerente com as futuras linhas que serão escritas de acordo com as tendências e inclinações que se derem? Resolvi pensar em um título que fosse tão dinâmico quanto a necessidade de abrangência que certamente vai ter. De repente me ocorreu a palavra "Conjectura". No dicionário Aurélio de Lingua Portuguesa a palavra conjectura tem o sentido de "Juízo ou opinião sem fundamento preciso; suposição, hipótese". Por alguns dias eu ainda pensei sobre o assunto mas cheguei à conclusão de que o título cai como uma luva. Pretendo falar de idéias e opiniões concretas e bem definidas racionalmente, mas pretendo também falar de abstrações e de coisas para as quais não tenha ainda pensamento totalmente formado, opinião totalmente definida. Pretendo Conjecturar! Isso sem falar dos sentimentos expressos. Não creio que exista algo mais incerto, ilógico e complexo do que os sentimentos. Conjecturar é preciso!


Bem, já não é de hoje que tento criar um blog para expressar o que penso acerca dos diversos assuntos que nos envolvem no dia a dia. Eu já até comecei um, alguns poucos anos atrás mas acabei abandonando-o em virtude das circunstâncias que me acometeram e tomaram minha mente em um momento muito difícil. Pois bem, passada a tempestade, estando já recuperado e interessado em reorganizar a vida e prosseguir minha jornada pessoal, estou aqui às voltas da criação de um novo Blog.. rs rs rs. Só que, desta vez, estou diante de um desafio maior. Pretendo dar maior amplitude às linhas que eu escrever aqui não somente opinando acerca de alguns assuntos e notícias, mas também falando de mim mesmo.


Sempre foi muito difícil falar de mim mesmo. Sempre foi difícil olhar para dentro de mim e expressar o que sinto, talvez por não saber escolher as palavras certas ou expressa-las da forma correta e com a precisão devida. Em outro contexto, normalmente não tenho problemas com as palavras, eu até consigo me expressar com alguma qualidade, mas... se o assunto for "nós mesmos", passa a haver considerável dificuldade não acham? Eu penso que sim. Pretendo falar de mim mesmo, como quem olha para si procurando ser fiel ao que sinto e vejo. Pretendo opinar sobre assuntos diversos que julgar ser propício, sempre procurando ordenar minhas considerações o máximo possível. Eu gostaria que este Blog me permitisse ordenar os assuntos por tema, igual a um outro Blog que tenho, mas não me parece possível ou ainda não aprendi, rs rs. Pretendo exercitar a liberdade de escrever sobre diversos assuntos, também sobre sentimentos e o meu olhar acerca da vida.


Também gostaria que as pessoas que porventura me derem o privilégio de acompanhar meu Blog, que fiquem à vontade para opinar positivamente seja em concordância ou mesmo em discordância acerca de tudo o que eu vier a escrever. Uma das lições que tenho da vida é que, se saber falar é uma arte valiosa, saber ouvir é uma arte muito mais valiosa ainda. Gostaria de ler as vossas opiniões acerca do que eu escrever. Seria importante para mim e desde já agradeço àqueles que contribuirem com opiniões.