segunda-feira, 21 de novembro de 2011

A CORRUPÇÃO EM 2050





Estou eu, nesta manhã, repassando as páginas virtuais de notícias e artigos interessantes, quando me deparo com esta nota estatística da Revista Época de autoria de Felipe Patury, cujo link está imediatamente acima.
Não levo nem em questão a importância que este tipo de dado estatístico pode ter para nós nos dias atuais, até porque, em uma primeira leitura, não vejo em quê isso mudaria nosso presente ou nos encheria de esperança acerca de 2050 como se estivéssemos em 2048 ou perto disso. Até lá tem muita água pra rolar e outra geração estará no controle da situação. Pela velocidade com que as coisas andam e as emergências globais urgem, certamente teremos sim um outro mundo, com outra configuração, quem sabe até com outra geografia.
Pois bem. O que, então, me chamou a atenção nesta breve nota?
Certamente não é o fluir do imaginário tentando conceber como estará o mundo, se os carros ainda terão rodas e se os clones humanos estarão por aí junto com andróides, etc. O que me chama a atenção é um componente de absoluta relevância para a vida humana, para a manutenção da saúde mental de cada indivíduo que penso estar cada vez mais sendo ingorado, em um estranho contra-senso de uma época onde se busca entender o pensamento para fortalecer as ferramentas virtuais e criar novos meios em todas as áreas de interação humana. Que componente é esse? Os mais idealistas chamariam de ESPERANÇA. Os mais pragmáticos chamariam de PERSPECTIVA, onde entendo que as duas palavras focam um mesmo objeto.
Perguntar a alguém como acha que vai estar o mundo em 2050 é um convite a viajar na abstração, mas, perguntar objetivamente como estará a questão da corrupção em 2050 é bem mais que simplesmente viajar. Para responder esta pergunta é preciso partir do agora. Tomar como ponto de partida a atual situação do mundo, de preferência, mais especificamente, do país. No nosso caso o Brasil. Partimos do hoje, do como está hoje e inevitavelmente conjecturamos sobre o que está sendo feito acerca deste tema. Que tipo de resultados isso irá produzir no futuro próximo, tipo, em 5 anos, em 10 anos. Eu não tenho aptidão técnica para afirmar isso com certeza mas, apenas acho que o máximo que podemos estimar racionalmente acerca de futuro político, econômico e social, não passa de 10 anos ou 15 no máximo. O que passa disso, penso, perde solidez factível ainda que esteja dentro do campo das possibilidades. Sei lá, apenas acho. Se alguém pensa diversamente até gostaria que comentasse este artigo para que eu possa conhecer outra perspectiva.
Especificamente falando do Brasil; pensar no que está ocorrendo hoje, a tecnologia à serviço das mídias, trazendo à tona coisas que até então estavam sob o lençol do conluio e do corporativismo. O grande número de escândalos e, sobretudo, uma população cada vez mais informada. Isso certamente produz um efeito à médio-longo prazo que, por conseguinte, motivará novos rumos ainda mais à frente. Os corruptos terão que se reinventar pois estão com um importante aliado enfraquecido. Este aliado atende pelo nome de “certeza da impunidade”. Ainda que o dinheiro continue comprando sentenças e cegando organismos policiais e fiscalizadores; é cada vez mais difícil ocultar isso como faziam antes. O nome deles está vindo ao lume. Pelo menos de alguns. E aí tem sido possível “puxar o barbante” e encontrar gente que em outros tempos não seriam alcançados.
A corrupção sempre vai existir porque, infelizmente, ela é inerente ao viés indesejável do comportamento humano. Não dá pra negar que é uma manifestação humana, entranhada no indivíduo que pode ou não ser contida por princípios e educação, mas que sempre estará ali pronta a ser manifesta. A questão é o quanto a sociedade tolerará a corrupção nos anos vindouros. O desenho atual é o de uma crescente indignação que tem, ainda que timidamente, movimentado as massas em torno do repúdio. Os mais céticos acreditam em modismo e os mais otimistas apontam para uma tendência. Aqui eu abro um parênteses para você, querido leitor, pensar. O que parece indicar, para você, o tempo atual no tocante ao ataque midiático à corrupção e o crescente repúdio manifesto da sociedade brasileira? Será que podemos observar tal quadro como um indicador de menor tolerância com a consequênte e gradativa redução desta praga chamada corrupção? Ou será que este ruído todo tem sido apenas reação momentânea ao foco dos ataques do “quarto poder”?
Particularmente penso que nós, brasileiros, temos motivos de sobra para sustentar o ceticismo face à nossa própria história e a forma como o governo trata seus contribuintes. Pagamos a carga de impostos mais pesada do mundo e somos tratados como gados. Não tenho esperança de ver nosso país crescer em qualidade de vida melhorando serviços básicos tipo segurança, saúde e educação justamente porque não vejo o governo, efetivamente, preocupado com isso. Estes temas são recorrentes somente na retórica eleitoreira dos políticos. Nada mais. Aí alguns poderiam me indagar: “Mas e o plano de segurança que está sendo implementado no Rio, com a ocupação e implantação das UPPs e serviços sociais?” Eu respondo simplesmente que sustento a esperança como todo cidadão de bem que deseja um futuro melhor, mas, certamente o governo e suas instituições vão ter que me provar que mudanças efetivas serão observadas ao longo dos anos. Até agora estou tendente a acreditar que estas investidas são pontuais e estratégicas para trabalhar primeiramente a “aparência”. Algo como que um temporal controle da situação, sustentável até certo ponto; de forma a garantir a realização proveitosa de dois grandes eventos: A Copa do Mundo de futebol e as Olimpíadas. Mas este é um outro assunto para um outro tema.
2050.... É muito tempo à frente!
Tentar enxergar a corrupção 38 anos à frente, é um desafio não ao entendimento da essência mas sim à compreensão da forma. Corrupção será sempre corrupção com a mesma essência suja que tem nos dias de hoje. Mas, e quanto à forma? Se pensarmos ainda um pouco mais, vamos concluir que o que importa realmente não é nem a forma em si. A forma será um assunto para os mecanismos de fiscalização futuros com os meios disponíveis vindouros. O que importa realmente são os efeitos da resultante deste embate: “Honestidade X Corrupção”. Será que teremos uma sociedade pró-ativa na intolerância à corrupção? Os corruptos serão a minoria e a exceção, diferentemente de hoje? A resposta para isso vai um pouco além da simples esperança contemplativa. Passa pela análise do que se faz hojee o que se fará como próximos passos...um dia de cada vez. Acho que o melhor exemplo que o tempo nos dá para a vida é que ele, “o tempo”, não se atropela. Uma coisa acontece após a outra e não há como pular nada. É ação e resultante, sendo esta a ação de outra resultante. O tempo não se atropela nunca. Nós humanos inteligentes, é quem nos atropelamos a todo momento e muitas vezes ignoramos pequenas coisas de suma importância que acabam ficando para trás. Faz-nos imensa falta para compreender quem seremos no futuro, o “compreendermo-nos agora”.
Estamos acostumados com o imediatismo do produto pronto. O futuro não é um pacote fechado preparado para ser aberto quando chegarmos lá. O futuro é uma caixa aberta cujo conteúdo estamos jogando dentro AGORA! O que perceberemos amanhã será a colheita do que semeamos hoje. Essa é a lei da vida. Não há como fugir disso.

Creio que muito mais poderia ser escrito sobre este rico assunto, mas eu vou me deter por aqui sob o risco de perder-me em meio às incontáveis linhas de abordagem possível. Fica a sugestão para os amigos que se deram o trabalho de ler e pensar no que foi escrito aqui.... dê continuidade a este texto com seu comentário. Seria ótimo ler outras opiniões.