sexta-feira, 4 de março de 2011

"MATO POR SATISFAÇÃO"


Proposital o título fazendo referência à mensagem de capa do jornal "O Popular" de Goiás.
Segundo o jornal, estas foram as palavras de um Cabo da PM obtidas por gravação legalmente autorizada em inquérito que corre na Polícia Federal.


O site G1 Brasil, nesta quinta-feira, 03/03 noticiou um cerco policial empreendido em torno da sede do jornal “O Popular” de Goiás. Tal cerco, segundo o jornal, se deu em ato intimidatório dirigido aos profissionais do jornal  em represália à divulgação de trechos das escutas telefônicas que integram o inquérito da Polícia Federal que investiga um grupo de extermínio acusado de mais de 30 assassinatos no estado.
Na verdade apesar do inquérito reconhecer até aqui 30 mortes por ações deste grupo de extermínio, considera-se a possibilidade de que este número seja muito maior. Em dois anos cerca de 117 pessoas foram mortas pela polícia, em suposto confronto onde, muitas delas sequer tinham passagem pela polícia.
Algumas medidas “me engana que eu gosto” foram adotadas na tentativa de apagar o fogo. As costumeiras tipo: afastar comandantes e trocar pessoas de setores. Mas nada consistente e, se não fosse pelo inquérito da PF, não haveria ninguém na cadeia. A PF enjaulou 19 policiais, o subcomandante da PM e o ex-comandante da Rotam.
Agora, depois do cerco ao jornal que ampliou a situação para uma notoriedade à nível nacional, o secretário de segurança de Goiás, João Furtado, considerou a ação policial ilegal e afirmou que vai reformular as normas de conduta da corporação. O governador de Goiás, para posar de “presente”, afirmou que “não vai admitir qualquer ilegalidade ou afronta à liberdade de expressão”.  Bem políticos, claro. Mas que tipo de aplicabilidade isso tem diante do que vem ocorrendo? Será que “rever normas” limpará as mãos sujas da instituição policial diante do exposto? A situação urge não por revisão burocrática de normas mas sim de CADEIA para os articuladores e colaboradores deste grupo de bandidos e assassinos fardados!
Agora, indo um pouco mais à dentro desta questão.
E se não tivesse ocorrido o cerco à sede do jornal? Se não tivéssemos o tal ato intimidatório? Será que teríamos a imprensa engajada nesta amplitude no sentido de revelar as laranjas podres e prendê-las? Destaco sim, positivamente, o trabalho da PF. Há muito venho afirmando ser uma das raras instituições públicas que funcionam neste país, mas, o inquérito corria dentro de um padrão de “normalidade”, por assim dizer. Agora, por conta do abuso de poder expressado no cerco, a imprensa nacional, enfim, vira os holofotes para a questão e trabalha a indignação pública do povo.... mas em torno de quê???
Das, até aqui, em dois anos, 117 vítimas de abusos policiais?
Não! A imprensa está repudiando o cerceamento à informação. As vítimas vêm à reboque, como se o dano maior fosse a intimidação e não os assassinatos. Esse é o meu foco na questão.Estamos cansados de ouvir falar em “banalização da vida”, mas a coisa está desandando de vez. Não por conta de números de mortos, mas pela absoluta tolerância que as instituições públicas e privadas, e porque não dizer, a sociedade como um todo parecem alimentar com relação às atrocidades cometidas contra o indivíduo. A imprensa, de um modo geral, é omissa porque se manifesta incisivamente e cobra pesadamente somente quando pisam no seu calo. Talvez, não fosse o cerco policial intimidatório, teríamos mais dois anos com o número de vítimas dos pseudo-policiais dobrando para 234.
Vale lembrar que atos deste tipo primeiramente demonstram o nível do descaso com a Ordem Pública e a certeza da impunidade.
Link da notícia no G1:

terça-feira, 1 de março de 2011



Nesta terça, 01 de março, a Presidente Dilma participou do programa global matutino “Mais Você”, apresentado por Ana Maria Braga. Fez um omelete, mas isso não importa  rs. Dilma falou sobre muitas coisas e respondeu algumas perguntas, mas destaco abaixo e comento o que mais chamou-me a atenção em tudo o que ela disse.

Ouvi Dilma afirmar que o governo pretende exigir que os imóveis do programa “Minha casa, minha vida” esteja em nome da mulher porque entende que esta não vai  “passar o imóvel pra frente” por ser lá que ela se mantém com sua prole. O site da Globo divulga esta informação: http://oglobo.globo.com/pais/mat/2011/03/01/em-programa-na-tv-dilma-foca-em-mulher-para-combate-pobreza-923900070.asp
“...O governo vai exigir que as mulheres tenham a titularidade das casas construídas à partir do programa de habitação Minha Casa, Minha Vida”.

 Acredito que a intenção da Dilma é boa, além de ser uma maneira de manter acesa a chama da representatividade feminina, o que é bom para a imagem política dela. Contudo isso me soa um tanto quanto preconceituoso. Qual o sentido prático disso? O incentivo à implantação da família matriarcal? É preciso que se diga que a lei não privilegia o homem quando um casal adquire um imóvel financiado. Ambos tem plenos direitos e deveres sobre o imóvel. E digo mais, no caso de uma separação judicial, normalmente são as mulheres que permanecem no imóvel com os filhos e o homem sai, o que já é visto com certa naturalidade pela sociedade como um todo. Sendo assim, que tipo de reparação a Presidente Dilma pretende empreender? Que tipo de melhoria para a família em si tal medida iria promover? Entendo que isso somente iria promover mais burocracia para uma questão que já é complicada. Por isso não acredito que isso sirva para outra coisa a não ser para a vinculação da imagem da mulher em torno da imagem política de Dilma.
Quanto ao “passar o imóvel para frente”, é preciso que se diga que é papel do governo e de suas abastadas e bem remuneradas instituições de regulação, fiscalizar os trâmites contratuais em curso. Isso não deve servir de muleta para a Dilma adotar medidas promotoras de imagem política. Há informações de que construtoras estão usando material de segunda categoria na construção dos imóveis, inclusive entregando imóveis inacabados ao usuário. Com isso o governo não se importa já que seu foco está todo nos dividendos políticos do número de novas unidades habitadas. Não interessa ao governo fiscalizar efetivamente as empreiteiras.

É por isso que digo que é justamente a política que macula e corrompe as ações de um governo.