sexta-feira, 4 de julho de 2014

O MAIOR ADVERSÁRIO DO BRASIL



Argentina? Alemanha? França? Holanda? Colômbia?
Não. Nenhuma dessas seleções. 
O maior adversário que o Brasil enfrenta em todas as copas é sempre o mesmo. Pelo menos desde 1982, que foi a primeira copa que assisti acompanhando bem todos os acontecimentos, posso dizer que o maior e mais duro adversário a ser enfrentado e vencido pelo Brasil é a imprensa esportiva. ( a de 1978 lembro muito pouco. Era muito pequeno).
A magnifica e mais poderosa seleção que eu vi jogar foi a de 1982... Que saiu do Brasil debaixo de pesadas críticas tendo como principal alvo aquele que é, hoje, venerado como um dos maiores técnicos de todos os tempos, Telê Santana. Mas que na época, para a imprensa esportiva era apenas o técnico "burro e teimoso" só porque ousava pensar além do seu tempo e era resistente a figura dos pontas de ofício.
Em 1986, Telê ainda era o "burro da vez", porque cobrava disciplina e não tolerou as escapadas para baladas de Renato e Leandro.
Em 1990, o burro da vez foi o Lazaroni.... Mas esse foi burro mesmo...rs
Em 1994 o burro da vez foi o Parreira, (que é tido como retranqueiro fracassado por muitos cronistas esportivos ainda hoje), mesmo trazendo o "caneco" que não víamos desde 1970.
Em 1998 o estigma de burro passou a ser de Zagalo. O "fracassado mais bem sucedido do futebol brasileiro".
Em 2002 o burro da vez passou a ser o Felipão porque não levou o Romário e passou a ser o retranqueiro da vez também.
Em 2006 o Parreira e o Zagalo dividiram a culpa pela "bagunça e falta de profissionalismo" de uma seleção que, antes da copa, chegou a ser comparada com a de 1982, dada a quantidade de medalhões. A acusação de bagunça e falta de profissionalismo foram bandeiras erguidas pela própria imprensa na medida que cobravam da CBF uma postura reformuladora. Isso levou a nomeação de Dunga, que atendeu as expectativas de todos obtendo, inclusive, significativos resultados positivos com uma seleção de carregadores de piano, que chegou à copa da África em 2010 desprovida de orgulho individualista. A força estava, enfim, no conjunto. Mas Dunga passou a ser o "burro teimoso" da vez porque não levou Neymar e Ganso e, principalmente, porque bloqueou o "oba oba" da imprensa brasileira.
2014... O estigma de "burro teimoso" da vez volta a ser Felipao. Ontem mesmo assisti no canal Sportv um cronista esportivo afirmar, categoricamente, que enfim acabou a lua de mel da seleção com a imprensa e que isso é bom para a seleção porque vai "chacoalhar"...
Gosto e assisto a programas esportivos porque gosto de esportes, principalmente o futebol. Mas não tenho lembrança de, ao longo de todo esse período, ter visto uma vez sequer a imprensa contribuindo positivamente para com a seleção. 
Já não me impressiona. Sempre foi assim. A imprensa esportiva, na sua ânsia de buscar impacto como atrativo de suas matérias, fomenta um clima de crescente desconfiança e instabilidade. Agora resolveram implicar pesadamente com o lado emocional dos jogadores. Se os caras choram de emoção é porque são desequilibrados e despreparados. Se ao invés disso não demonstrassem suas emoções a acusação seria a de que não estariam levando a seleção a sério... Que seriam mercenários que só se empolgam em seus milionários clubes da Europa. Não adianta. De um jeito ou de outro vão falar. De um jeito ou de outro vão continuar sendo, sempre, o mais duro e implacável adversário a ser vencido.
Tiveram, inclusive, a infelicidade de eleger justamente o Thiago Silva como símbolo da suposta fraqueza emocional. Justo um cara que venceu duras pancadas da vida em uma queda que muito poucos teriam forças para se reerguer. Um guerreiro. Na concepção mais forte da palavra. Mas a visão machista, babaca, considera um homem que chora de emoção, um fraco. Só idiotas pensam assim. Desculpem a franqueza.

Quanto a seleção. No tocante ao que deveria realmente interessar, como eu já disse antes em algumas postagens pela grande rede, considero que não temos a melhor equipe do campeonato. Temos um time apenas BOM. Nada mais que isso. Podemos até chegar ao título. É perfeitamente possível. Mas é preciso ter em mente que é igualmente factível ficarmos pelo caminho. Pode ser hoje com a Colômbia... Ou na semi-final com Alemanha ou França... Ou mesmo em uma final com, quem sabe... Holanda ou Argentina... Mas é preciso ter em mente que há seleções melhores que a nossa e que merecem tanto quanto, ou até mais,o título. Infelizmente o "azar" que considero é que, justamente neste momento de uma limitada seleção, termos uma copa novamente no Brasil.
Vamos torcer, porém, com essa consciência. A não ser que aconteça um milagre futebolístico a vaga virá com muita luta e na base da persistência e força. Ou talvez não virá. Tenho uma opinião particular sobre o futebol que tenho visto ser jogado nesta copa no Brasil. Acho que estamos testemunhando aquela que talvez venha a ser uma profunda mudança no cenário futebolístico mundial. Mas isso é assunto para outra hora rs.


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